Números oficiais da Segurança Pública apontam alto índice de crescimento em vários tipos de crimes na Região
Segundo estatísticas do último relatório trimestral do Instituto de Segurança Pública - ISP, a criminalidade vem ganhando espaço em nossa região. Mas nem seria preciso recorrer aos números oficiais para chegarmos a essa conclusão. Nas ruas, redes sociais e demais espaços de interação, o assunto não tem sido outro. Todos têm um relato recente, pessoal ou de alguém próximo, nos quais são apresentadas vítimas dos mais variados tipos de ocorrência criminosa.
Tese “migratória” não convence delegado local
Para o delegado Clovis Souza Moreira, responsável pela 118ª DP - Araruama, o aumento da criminalidade não está ligado, como muitos afirmam, à migração de marginais por conta da ação das UPPs na capital. “A maioria dos casos registrados ocorrem por ação de pessoas residentes na cidade. São bandidos nascidos e criados nas comunidades locais”. E acrescenta: “Pode até haver um caso ou outro, mas são fatos isolados”.
Há mais de um ano, passeata pela paz já clamava por mais segurança
Mobilização, que começou nas redes sociais, começava a alertar sobre o crescimento da violência em Araruama. Prefeitura tentou desqualificar o movimento, alegando que “eram apenas boatos”
Nos últimos três meses, observando as redes sociais, podemos constatar mais um salto significativo no aumento das postagens alertando sobre a ação de criminosos na cidade. Ano passado, ocorreu uma movimentação parecida durante o primeiro semestre, o que levou os internautas a se mobilizarem, indo às ruas. No dia 21 de abril de 2013, a “Caminhada pela Paz” reuniu cerca de 300 pessoas, entre elas a família de Adailton Ling Ling, assassinado a facadas no dia 23 de março, e da jovem Sâmela Silveira, sequestrada no dia 31 do mesmo mês. Pouco mais de um mês depois, no dia 25 de maio, o movimento se repetiu pedindo “Justiça e Paz”, dessa vez, acrescido por amigos e familiares de Hinglesson Souza, vítima de uma bala perdida que perfurou a lataria do carro em que passava próximo a UPA de Araruama, no dia 05 de maio. Até agora, nenhum dos crimes foi solucionado. Desde então, dezenas de outros assassinatos aconteceram, conforme indicadores oficias da ISP.
Alguns vereadores presentes às manifestações se propuseram a tentar uma alternativa, envolvendo a ação do Estado, município e entidades ligadas à segurança pública em um fórum de debates.
Frustrada tentativa de mobilização na Câmara dos Vereadores
No início de 2014, foi encaminhado ao plenário da Câmara o pedido de criação de uma Comissão Especial de Assuntos Relativos à Segurança no Município, composto por membros da Câmara dos Vereadores, Segurança Pública do Estado, Secretaria de Segurança do Município, Polícia Militar, Polícia Civil e outros, com a finalidade de fazer um levantamento relativo aos roubos, furtos e crimes, que vêm aumentando na região.
Para a surpresa de todos, o projeto só contou com o apoio de três vereadores, considerados “de oposição”. Passado alguns meses, o vereador Julio Cesar, que não votou pela criação da Comissão, levantou o problema da violência por ter acontecido com pessoas ligadas a ele. Sua fala foi alarmada pelos os últimos acontecimentos, porém, mesmo assim a Câmara de Vereadores continuou inerte aos fatos, que atualmente, não param de crescer na cidade.
Políticas sociais de prevenção devem partir do município
Ao contrário do que muitos afirmam, na tentativa de se eximir de qualquer responsabilidade, o poder público municipal e a sociedade civil precisam planejar e intervir no combate e na prevenção social à criminalidade, não apenas lavando as mãos e aguardando as ações do Estado.
É fundamental a criação de políticas sociais que atendam a população em situação de vulnerabilidade, assumindo posturas mais ativas no combate à criminalidade sob a perspectiva da prevenção. Os atores sociais devem pensar em maneiras efetivas para solucionar essa questão e colocá-las em prática, fazendo o levantamento de propostas de soluções para que haja a diminuição da criminalidade. É fundamental que a população e toda a sociedade civil contribuam com ações preventivas que minimizem a violência no município.
A exemplo de centenas de projetos como o AfroReggae (foto), que oferece opções aos jovens que estão em situação de risco social. Ao invés de se preocupar em “maquiar” a questão, Araruama necessita urgentemente promover um fórum de debates que contemple esta causa de maneira efetiva e concreta, deixando de lado questões políticas e se atendo ao futuro, contribuindo para uma sociedade mais justa, o mais breve possível.